Sei que está dolorido
Manchado e trincado
Porém não esquecido
Tampouco está acabado
Sei de todas as mágoas
E do gosto de sangue que tem
Esperarei o rolar das águas
E a pureza que da nascente vem
Aflição que precede lágrimas
Angustia análoga a náusea
Ânsia para virar as páginas
Conjugamos o pretérito imperfeito
Muita cautela no presente
Que o futuro carregamos no peito
Saudades de doce futuro
Que amargo e vil passado
O trancou em quarto escuro
Em rancores está acorrentado
“Fragil-mente” de paradoxos
“Debil-mente” hoje vive
“Fiel-mente” roendo ossos
“Triste-mente” da carne que regride
Hoje vivemos o futuro nulo
De ontem, um letal presente
Que nos fustiga sem escrúpulo
Consolo-me – O futuro não existe
Passado? Presente? Vamos lograr
Com teimoso sentimento que resiste
Pesadelos – Sonhos nefastos
Lagrimas correm com sangue
Delírios – Uma noite, sem retrato
Sem vinho, sem ervas, sem chance
Uma figura em ares brancos
Maculada por atroz amor
Desejava dias de ares mansos
E noites de melhor sabor
Carinhos, agressivos e velados
Não mais os tenho, só olhares
Mas os meus a vós – Reservados
Dias mansos – O ensejo
Para em alguma noite
O melhor sabor do beijo.
Gutemberg de Moura
Parabéns pelo lindo poema e belíssimo blog.
ResponderExcluirForte abraço e até breve,
Sisino Pereira de Souza.