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domingo, maio 8

O Tuareg e o Desespero

O que está acontecendo comigo?
Será que estou perdendo a razão?
Por que este tremor? Por que o coração disparado?
Meu sangue corre mais rápido em minhas veias.
Minha cabeça gira, gira e gira. Estou tonto.
Só consigo pensar no mapa estampado em meu peito.
Em uma ação irrefletida saio correndo.
Corro, corro muito, por dias eu corri.
Como eu pude me afastar tanto. Ah isto dói!
Acho que estou perto, já consigo sentir o seu perfume.
Esqueci-me de buscar a Deus. Pecador?
Esqueci-me de meus compromissos e alianças.
Joguei fora minha Takoba, comigo só os pergaminhos.
Pergaminhos que preenchi de versos nas areias do Deserto.
Ali, Ela está ali, bela e radiante como Eu me lembrava.
Cheguei mais perto, e cansado repousei ao Teu lado.
Não demorou muito e logo adormeci.
Em sonhos Ela voltou a mim.
E como antes Ela sussurrava em meus ouvidos.
Mas algo era diferente, Ela estava diferente.
Seus versos eram urgentes, versos sofridos.
Versos de solidão, versos pungentes.
Versos irônicos quase agressivos.
Pareciam-me versos de um triste adeus.
Acordei de sobre salto, assustado e angustiado.
Não conseguia entender o porquê.
Olhei para Ela e Ela estava fechada num botão.
Como que se escondendo de mim, ou pior me desprezando.
Fiquei ali, esperando Ela abrir-se para mim.
Mas que, passaram-se dias e nada.
Permaneci tempos, tempos e mais tempo.
Quando dei por mim, Eu chorava, chorava muito.
Um choro de revolta, um choro de perda.
Resignei-me, pois tenho dignidade.
Sou um Tuareg acostumado à solidão do Deserto.
Dei-lhe mais uma olhada, e pensei:
 Não há problema minha Flor, esperarei abnegado.
Pois guardo no peito o mapa.
O mapa que me leva a Rosa do Deserto.
E quiçá quando Eu voltar esteja radiante com sempre.
Pura, recatada, imaculada e sublime.
Até mais Minha Rosa do Deserto.
E peço-te não se esqueças de Mim.
Nunca se esqueças de como Sou.

Gutemberg de Moura 
    

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